Com a aparência de menina, mas uma desenvoltura invejável de gente grande, Helen Rödel encantou ao contar sua história no debate sobre o diferencial competitivo gaúcho,
que aconteceu no segundo dia do Moda Insights. Resgatando antigos
costumes de uma maneira jovem e moderna, a estilista é hoje um dos
grandes destaques do design de moda produzido em solo gaúcho.
Como qualquer trajetória interessante, a dela não é linear. Antes de
encontrar seu caminho como designer, Helen cursou letras e publicidade (talvez seja essa a origem de tamanha articulação), porém acabou enveredando para a moda. Procurou cursos na área e logo começou a produzir suas próprias peças.
A primeira técnica escolhida foi a malharia retilínea, mas logo ela
percebeu que não era bem isso o que queria. O método era complexo e
caro. Portanto, comercialmente inviável!
No entanto, Helen fez do obstáculo um trunfo, e acabou optando por uma técnica pouco usual, o crochê. Ela
transformou essa tradicional arte e deu sua visão, sempre com uma
estética contemporânea. Através de um nicho bem definido, acabou
tornando-se conhecida como especialista em crochê.
Helen enfatizou que estratégia é fundamental, para quem quer
começar uma marca de moda. Os criadores devem ir se conhecendo ao longo
do processo criativo, definindo sua identidade e assim traçar seus
objetivos.
A premissa se confirma através de seu próprio case! A guria colocou a
cabeça para funcionar e teve algumas idéias brilhantes e simples. Ela
começou fotografando suas peças e postando o trabalho no Flickr, que acabou se tornando um sucesso, com fotos criativas e bem produzidas.
Cinco suéteres, criatividade, marido fotógrafo e nada a perder, foram suficientes para sua segunda ação.
O casal contatou cinco meninas de diferentes lugares do mundo e mandou
uma peça para cada uma delas, na condição que enviassem três fotos com o
suéter em diferentes composições. As “modelos” ofertaram qual a verdade
delas, agregando uma visão diferente ao trabalho da estilista, que
somente poderia ser oferecido através de um olhar externo. Esse
editorial rodou o mundo inteiro e virou referência.
A ação seguinte foi chamar um dos últimos lambe-lambe de Porto
Alegre, uma amiga e fizeram um editorial com a câmera obscura dele.
O trabalho de Helen estava se propagando rapidamente na internet e
acabou cativando um produtor de moda, que apostou no seu talento e a
convidou para apresentar sua coleção na Islândia. Aproveitando o
momento, no melhor espírito “faça uma limonada do limão”, eles tiveram a
idéia de produzir um editorial no velho mundo,com modelos islandesas,
com o fotógrafo e amigo, Eduardo Carneiro.
Recursos limitados servem para instigar a criatividade. Mas na internet, seu site tem o mesmo espaço que o site da coca-cola, lembra Helen. Democracia virtual parece ser o maior aliado dos novos criadores!
E o comentário final (e não lembro de quem foi a refinada ironia): “Helen precisou ir à Islândia para desfilar no Donna Fashion Iguatemi.”